segunda-feira, agosto 26, 2013

O DIA EM QUE SOUBE QUE HAVIA MORRIDO

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Em meados do mês de abril de 2012 recebi uma visita inusitada de um antigo amigo e de outra pessoa que lhe acompanhava. Era um dia de atividade intensiva como, aliás, têm sido os últimos dias. Em meio a tantos papéis, livro, regimentos, documentos, e-mails para ser despachado, o telefone toca é a secretária, que me informa sobre dois homens, ambos arquitetos que desejavam falar comigo. Logo pensei... Será mais uma construtora que deseja fazer alguma proposta de compra para o terreno do SPN, pensei. Eles vão me encher o saco.

Mesmo hesitante, sem saber de quem se tratava, os recebi. Autorizei a entrada deles no meu escritório. Qual não foi a surpresa de reencontrar, depois de aproximadamente trinta anos, isto mesmo trinta anos a figura de uma pessoa que embora distante, me era muito estimada e respeitada. Por questões de ordem ética usarei nomes fictícios para esses personagens. Maximiano e Coadjuvante.

A entrada em minha sala já foi debaixo de uma atmosfera de grande emoção. Ao entrar, Maximiano já o fez em prantos, prantos incontroláveis. Coadjuvante, também não sustentou a barra e começou a chorar. Sem entender o que estava acontecendo, fui abraçado por Maximiano, que não conseguia se controlar. Depois de alguns instantes, providenciei água para os dois e lenços de papel para enxugarem as lágrimas.

Enfim, ele, ou melhor, eles poderiam começar a me esclarecer os fatos, que narrarei a seguir.

Em fevereiro de 2012, Maximiano teve que fazer uma viagem a cidade de Toritama, dista cerca de 172 Km de Recife, para fiscalizar algumas obras das quais era o arquiteto responsável. Na saída de Caruaru (135 Km de Recife), ele passou no posto da Polícia Rodoviária Federal, na região rural de Caruaru, onde foi informado de eu, Marcos André Marques havia morrido afogado no dia anterior e que o meu sepultamento aconteceria à tarde por volta das 15 horas. Esta notícia chocou Maximiano, que diante da sua família e de quem lhe deu a informação, desabou num choro incontrolável; seu amigo, Marcos André Marques, havia morrido.

Após aproximadamente 30 minutos de comoção incontrolável, Maximiano e sua família prosseguiram viagem a Toritama. Mesmo sem condições emocionais, amparado pela esposa que, diga-se de passagem, eu não a conheço, Maximiano cumpriu suas obrigações profissionais retornando imediatamente a Caruaru, pois não poderia deixar de ir ao sepultamento do amigo.

Ao retornar para Caruaru, mesmo contra a opinião da esposa que constatava a sua não condição emocional, ele se dirigiu ao local do velório, que estava sendo realizado na Rua Rev. Alfeu Barra de Oliveira, 222. Aquele endereço era do Templo da Igreja Presbiteriana de Central de Caruaru, onde eu havia nascido, me criado e onde ainda hoje possuo raízes e familiares.

Ao se aproximar do templo, já nas proximidades, viu que não seria fácil o acesso, tendo em vista a grande quantidade de carros estacionados. Mesmo sendo domingo, aquele local estava apinhado de carros, com uma grande movimentação de pessoas que iam e vinham para prestar uma última homenagem ao falecido.

Com muita dificuldade, Maximiano consegue local para estacionar o seu carro. Correu para o templo. Chegando lá entre um e outro aperto, conseguiu entrar ficando bem atrás, na entrada, ao lado das duas colunas que dão sustentação a torre da igreja. A cerimônia fúnebre já havia começado e o clima era de consternação total. Muito choro, porém todos contidos, afinal de contas a morte para o crente não é o fim, mas o começo de uma vida gloriosa na presença de Cristo. Não preciso dizer que Maximiano estava inconsolado. Continuava chorando muito, mas esperava o momento para se despedir do seu amigo, por quem nutria imensa admiração.

Ao final da cerimônia o pastor da igreja, Rev. Calvino Rocha avisa que todos poderiam passar em frente ao caixão onde se encontrava o corpo do falecido, vendo-o assim pela última vez. Aquela era a oportunidade para Maximiano me ver pela última vez e mesmo em meio a grande pranto ele não poderia perder aquela oportunidade. As filas são formadas. O povo vai passando. Ao lado do caixão, os familiares do falecido: sua mãe, a viúva e outros familiares e amigos, todos tristes com a partida prematura e trágica do falecido.

Maximiano não conhecia minha família. Não sabia quem era minha mãe, nem meus irmãos, nem minha esposa, ninguém... Ele enfim, chega diante do corpo inerte do falecido, dentro daquele caixão e observa que o meu rosto está bastante inchado. Muitos hematomas. A pele escura, bem mais escura do que da última vez que havia me visto. Isso era estranho. Porém lhe informaram que minha morte tinha sido trágica e que havia batido minha cabeça contra as rochas várias vezes, então pensou ele: “Foi devido ao acidente que ele ficou assim”, concluiu Maximiano.

Ao chegar diante da viúva, de sua mãe e familiares, Maximiano, em prantos, abraça-os e declara a sua admiração por mim. Faz questão de afirmar que eu era um exemplo de vida e que jamais se esqueceria do meu procedimento. Por fim, afirmou que enviaria uma correspondência a família, expressando os seus mais profundos sentimentos pelo triste fato ocorrido.

Ao sair da igreja e se assentar no veículo, conforme as suas próprias palavras, aproximadamente 30 minutos se passaram. Ele não acreditava. Seu amigo, Marcos André Marques, morrerá de forma tão trágica. Ele não poderia esquecer o convívio e os exemplos do falecido amigo. Daí ele chorou, chorou, chorou muito.

Por fim conseguiu reunir forças e foi para casa. Precisava descansar um pouco. Precisava se alimentar coisa que não fizera desde que soube da notícia. Também precisava redigir o texto para os meus familiares, pois essa seria a sua última homenagem ao amigo, agora morte e enterrado.

Por volta das 19 horas, após ter se alimentado, tomado um banho e descansado um pouco, Maximiano começou a redigir uma carta póstuma, em minha homenagem. Sentou e passou a escrever na escrivaninha, sobre a sua admiração à minha pessoa. Descrevia como eu tinha sido importante para ele, quando moramos, como hóspede, no Seminário Presbiteriano do Norte, entre 1977 e 1979. Ele já formado, era arquiteto da FUNDARPE e eu como estudante de Engenharia Civil da Universidade Federal de Pernambuco. Escrevia que eu tinha lhe influenciado muito, demonstrando um cristianismo autêntico, que lhe impactara. Era um grande admirador, mesmo depois de muito tempo, não havia esquecido. Soube que eu era pastor, que havia estudado no Seminário Presbiteriano do Norte, mas havia perdido o contato não, porém a memória.

Enquanto escrevia, a televisão estava ligada. Começou então o NETV, 2ª Edição. Uma das manchetes lhe chamou a atenção. Minha morte seria noticiada. Quando o âncora apresentou a notícia, veio a dúvida: o locutor falava da morte por afogamento do Presbítero Marcos e não do Pastor Marcos. Seu coração se alvoroçou. O desenrolar da reportagem trouxe no seu bojo a elucidação de que na verdade eu não tinha morrido, mas uma outra pessoa tinha sido a vítima fatal. As coincidências: Ambos se chamavam Marcos. Sendo que um tinha por sobrenome Alves e outro Marques; Ambos eram crentes; ambos presbiterianos; um era presbítero, enquanto o outro, no caso eu, pastor.

Sendo muito emotivo Maximiano começou a chorar compulsivamente, o que chamou a atenção da sua esposa e familiares, que logo vieram ao seu socorro e perguntaram o que tinha acontecido para que ele estivesse naquela situação. Sua resposta: “Meu amigo e irmão, o pastor Marcos não morrerá”! Mas ele precisava desta confirmação. Rapidamente conseguiu o telefone de um amigo em comum, membro da Igreja Presbiteriana Central de Caruaru, que lhe explicou o ocorrido, ou seja, que o Presbítero Marcos Alves havia morrido afogado na praia de Tamandaré, depois de ter salvado uma adolescente que estava se afogando. Tudo não passara de um engano.

Através daquele mesmo irmão, soube que eu estava vivinho e que era o Diretor do Seminário Presbiteriano do Norte em Recife, local aonde ele tinha morado por quase dez anos entre os anos 70 e 80. De posse dessa informação decidiu vir a Recife e agora estava ali diante de mim, chorando compulsivamente.

Todos que me conhecem sabem, não sou de chorar. Respirei fundo. Aquela história me impactara grandemente. Na verdade não sabia que ele nutria admiração e carinho por mim, pois nunca me julguei digno de ser admirado por ninguém. Digo isso sem falsa modéstia. O que pude fazer, senão dar glória a Deus por tudo àquilo que tinha ouvido e que estava presenciando.

Este sentimento se acentuou quando após encerrarmos a conversa e antes de nos despedir, orei por Maximiano e seu amigo Coadjuvante. Balbuciei uma oração na qual o sentimento de ser indigno foi a tônica, mas mesmo assim conseguir agradecer a Deus por aquele privilégio, ao mesmo tempo em que pedi que o Senhor me abençoasse para que fosse de fato uma testemunha fiel do Seu Evangelho. Orei também pelo meu amigo e irmão Maximiano, pela sua vida, pela vida da sua família e pelo seu trabalho. O mesmo roguei a Deus para o Coadjuvante.

Ao final nos abraçamos, pousamos para algumas fotos e nos despedimos. Maximiano e Coadjuvante foram embora e eu fiquei pensativo... este foi o dia em que eu soube que havia morrido, mas não morri”.

“Portanto, quer comais, quer bebais ou façais outra coisa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus” (1º Coríntios 10.31).

 

segunda-feira, agosto 12, 2013

IGREJA PRESBITERIANA DO BRASIL, 154 ANOS DE HISTÓRIA

154 anos IPB

Hoje a Igreja Presbiteriana do Brasil faz 154 anos de história em solo brasileiro. Esta foi a data em que o Rev. Ashell Green Simonton desembarcou no Rio de de Janeiro trazendo na bagagem o maravilhoso e poderoso Evangelho do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e para fundar uma denominação cristã, legítima herdeira da Reforma Protestante do século XVI. A Igreja Presbiteriana do Brasil é uma igreja fiel as Escrituras Sagradas do Antigo e Novo Testamentos, além de ser uma igreja confessional, isto é, tem suas doutrinas sistematizadas por aquilo que é chamado de símbolos de fé, no nosso caso, a Confissão de Fé de Westminster e os Catecismos Breve e Maior de Westminster. Tendo toda a sua estrutura eclesiológica construída sobre a base da soberania de Deus, fartamente e inequivocamente expressa na Bíblia Sagrada, a única regra de fé e prática. Ela tem quatro pilares que dão sustentação àquilo que podemos chamar de presbiterianismo: 1) Teologia; 2) Pratica; 3) Culto; e 4) Governo. Para saber mais sobre a Igreja Presbiteriana do Brasil acesse o site: www.ipb.org.br. Tenha um abençoado dia na presença do Senhor.

Glória seja dada ao nome do Senhor!

 

sábado, agosto 10, 2013

OS SONHOS DE DEUS; E DEUS SONHA?

sonhando

Não aguento mais ouvir músicas que afirmam coisas do tipo: "os sonhos de Deus".

Isso se torna mais irritante ainda, para mim, quando ouço pastores de linha evangelical, pentecostal e neopentecostal afirmarem tal despautério.

Minha indignação extrapolou todos os limites quando, nesta manhã de sábado, eu encontrei um pastor presbiteriano postar em seu Facebook, que inclusive, não tenha dúvida, será curtido e compartilhado por muitos incautos irmãos, coisa do tipo: "NÃO DESISTA DOS SONHOS DE DEUS EM SUA VIDA", sem dúvida alguma, UM ABSURDO.

Até cinco anos antes, nunca esta expressão tinha sido usado nas igrejas ou por qualquer pessoa de bom senso, pelo menos até onde pesquisei. Mas foi só um "artista gospel" da equipe do Silas Malafaia usá-la numa música que se tornou hit e, pronto, muitas pessoas passaram a utilizá-la e a consumi-la, como se verdade fosse.

Trago aqui, mesmo que rapidamente, minha argumentação apresentando o equívoco desses que usam essa expressão. Siga o meu raciocínio...

1) Se Deus tem sonhos, uma das possíveis implicações disso, é afirmar que ele dormiu. Mas, isso vai completamente de encontro a Palavra revelada de Deus, registrada no Salmo 121.4, que afirma: "É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel". Portanto, a partir deste texto bíblico é uma heresia afirmar que Deus tem sonhos, pois ele não dorme!

2) A outra interpretação possível, seria afirmar que Deus tem sonhos, no sentido de desejos. Como tal, esses sonhos e desejos podem ou não ser realizados. Óbvio que numa perspectiva humana, isto é totalmente aplicável não, porém, quando nos referimos a Deus. Quando nos referimos a ele temos que fazê-lo como as Escrituras Sagradas nos ensinam, ou seja, que ele é soberano sobre todas as coisas e que não tem sonhos, semelhantes aos homens, mas decretos e planos, que acontecerão, invariavelmente, exatamente de conformidade com a sua vontade, que é boa, agradável e perfeita. Sobre os planos de Deus, o patriarca Jó assim se expressou: "Bem sei que tudo podes, e nenhum dos teus planos pode ser frustrado" (Jó 42.2).

Isto posto, quero desafiá-lo a olhar para Deus, a refletir sobre Deus e a falar sobre Deus, da forma como ele se revela em sua Palavra e não como olham os modernos poetas e teólogos neopentecostais, que divinizam o homem e humanizam a Deus, ao ponto de afirmarem besteiras teológica como essa.

Que o Senhor Deus se apiede de nós.

Amém!

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