domingo, fevereiro 17, 2013

FOGO AMIGO

fogo-amigo

Externo a minha preocupação aos amigos e irmãos, sobre a forma de agir, por parte de alguns irmãos, semelhante aos antigos personagens dos filmes da bang-bang, que diziam: “Atire primeiro e pergunte depois”. É claro que não podemos, em hipótese alguma, negociar os princípios bíblicos e confessionais, porém temos agido com o nosso irmão, da mesma forma como age o homem de Belial. Veja o que nos diz a Escritura Sagrada sobre isto, em provérbios 6.12-19:

Advertência contra a maldade

12 O homem de Belial, o homem vil, é o que anda com a perversidade na boca, 13 acena com os olhos, arranha com os pés e faz sinais com os dedos. 14 No seu coração há perversidade; todo o tempo maquina o mal; anda semeando contendas. 15 Pelo que a sua destruição virá repentinamente; subitamente, será quebrantado, sem que haja cura. 16 Seis coisas o SENHOR aborrece, e a sétima a sua alma abomina: 17 olhos altivos, língua mentirosa, mãos que derramam sangue inocente, 18 coração que trama projetos iníquos, pés que se apressam a correr para o mal, 19 testemunha falsa que profere mentiras e o que semeia contendas entre irmãos.

O texto por si só fala tudo, pois é parte das Sagradas Escrituras, mas eu quero chamar a atenção dos que leem este artigo para o fato de que estamos fazendo vítimas em nossos arraiais, sob a desculpa de que estamos cuidando da sã doutrina. Muitas vezes achamos que somos os melhores, os mais inteligentes, os mais santos, os mais piedosos, mas na verdade temos agido como o “homem de Belial”.

As vítimas do chamado fogo amigo estão se multiplicando. Só para citar dois exemplos, até bem pouco tempo se criticou de forma intensiva o livro do Dr. John Frame sobre culto, intitulado: “Worship in Spirit and Truth” (Em Espírito e em Verdade). Ouvi e li críticas severas ao pensamento do Dr. Frame, inclusive com sugestões de encaminhá-lo a “fogueira”, pois o que defende neste livro “é uma heresia”, diziam seus críticos.

De repente, uma nova discussão. Aquele que foi enviado as mais escuras profundezas do inferno é agora catapultado a condição de “defensor da ortodoxia” e assume o papel de carrasco e algoz de ninguém mais, ninguém menos, do que Michael Horton, que até bem pouco tempo foi elevado aos píncaros da glória, por ser um grande expoente da ortodoxia e da Teologia Reformada. Faça-me o favor...

As discussões giram agora em torno daquilo que é chamado de: “The Escondido Theology”, que nada mais é do que uma crítica a produção literária teológica do Seminário de Westminster da Califórnia. Não quero entrar em detalhes, nem no fulcro da questão, quem quiser saber mais sobre o assunto, pode Le o livro do Frame The Escondido Theology: A reformed response to two Kingdom Theology, a sistemática do Horton: A Christian Faith: A Systematic Theology For Pilgrims on the Way, ou ainda a resposta de Horton e do Seminário de Westminster da Califórnia nos seguintes endereços: http://www.whitehorseinn.org/blog/2012/02/10/a-response-to-john-frames-the-escondido-theology/ e http://wscal.edu/blog/entry/westminster-seminary-california-faculty-response-to-john-frame, respectivamente.

John Frame Michael Horton 01

Este assunto veio à tona ontem em minha página no facebook, e o que mais me chamou a atenção foi o fato de um colega, mesmo após ser indagado sobre a existência de uma resposta do Horton e do WSC sobre o assunto ele respondeu: “Sim, eu já li à resposta do Dr. Horton, mas ela em nada muda à imagem que os reformados nos EUA tem dele (diga-se de passagem, os sistemáticos do Westminster East). À posição dele [Horton] sobre o Christ's Mediatory Kingship é anti-bíblica. [...]. No Brasil, não se sabe muito, ou quase nada do Christ's Mediatory Kingship. Pois, à posição que prevalece é à dos liberais e dos "reformados" [como Horton] que defendem dois Reinos” [sic].

Como se pode ver no escrito acima, a intenção não parece ser a busca pela verdade, mas tão somente aniquilar quem pensa diferente, mesmo que este pensamento não seja basilar para fé cristã, nem mesmo, pelo menos explicitamente, contrário ao que afirma os símbolos de fé de Westminster.

É possível que posteriormente escreva algo sobre o fulcro dessa discussão, porém preciso me capacitar para tal, lendo o que pensam as duas correntes, à luz das Escrituras Sagradas e dos nossos Símbolos de Fé.

Por enquanto, desejo apenas chamar a atenção para o fato de que precisamos cuidar melhor uns dos outros e evitarmos fazer novas vítimas que cairão devido ao nosso “fogo amigo”.

Em Cristo,

Rev. Marcos André Marques

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