Muito interressante e bem escrito, o editorial do Jornal O Mediador, que transcrevo agora, autorizado pelo seu autor, Rev. Arival Dias Casimiro. Para conferir o original, por favor, acesse o site: www.jornalomediador.com.br.
AMEAÇAS INTERNAS
Após completar cento e cinquenta anos de ministério em solo brasileiro, a Igreja Presbiteriana do Brasil se consolida e se apresenta como uma representação idônea e séria do povo evangélico brasileiro. Presente em todos os Estados da Federação, a IPB torna-se uma referência nas áreas da pregação bíblica, educação formal, ação social e missões.
Observamos que no Brasil de hoje a situação do povo evangélico é bastante confusa e imprevisível. Temos as igrejas históricas que, em sua maioria, estão morrendo porque abandonaram os seus princípios originais de fé, se perderam por influência do liberalismo ou da secularização. Temos as igrejas pentecostais que estão sendo implodidas, por lideranças ministeriais independentes. Pastores, com seus projetos pessoais, estão destruindo a hegemonia das denominações pentecostais. Quanto às igrejas chamadas de neo-pentecostais, a situação é grave. Raras as exceções, há uma mistura de falta de caráter com carisma pessoal. Lembramos o exemplo de Brasília, quando um pastor ora a Deus pelo recebimento de uma propina. Infelizmente, estão pregando um falso evangelho que estimula a avareza e despreza o arrependimento de pecado e a santidade pessoal.
Em meio a tudo isso, Deus tem preservado a Igreja Presbiteriana do Brasil. Por isso, ela se credencia a exercer um papel de influência espiritual positiva no Brasil. A sua influência pode se estender à América e a outros continentes, caso ela continue fiel ao Senhor, firme nos princípios bíblicos da fé reformada.
Sabemos que a igreja é atacada por forças espirituais externas que tentam destruí-la, mas a maior ameaça à Igreja Presbiteriana do Brasil hoje vem de dentro e da sua liderança.
Warren W. Wiersbe diz: “A História da Igreja é o registro do conflito entre as mentes fechadas e as portas abertas”. E portas se abrem para o ministério da Igreja quando o povo de Deus persevera em oração. Paulo escreve: “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças. Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual estou algemado; para que eu o manifeste, como devo fazer” (Cl 4.2-4). Deus tem aberto portas para a IPB em resposta à oração dos seus membros, mas sempre que encontramos portas abertas, também achamos pessoas com mentes fechadas.
Infelizmente, muitos líderes da IPB (pastores e presbíteros) estão olhando para o futuro através de um espelho retrovisor. Uma prova disto são os assuntos que são levantados e discutidos nas reuniões conciliares. Temas relevantes para o progresso da igreja são preteridos por assuntos insignificantes ou já resolvidos. Parece até que existe uma comissão de plantão enviando documentos com assuntos requentados: cristão e maçonaria, laços da IPB com a PCUSA, participação de crianças na santa ceia, ordenação feminina e outros mais chatos, os quais a igreja já se posicionou oficialmente e não é a preocupação da maioria.
Outra ameaça à Igreja Presbiteriana do Brasil é a improdutividade das igrejas locais. Informações oficiais apontam que mais de 70% das igrejas locais nunca plantou uma nova igreja. Mais de 50% das igrejas locais não possuem congregações ou projetos de plantação em andamento. É preciso acordar para a realidade. Se uma igreja local não se reproduz ou gera novas igrejas, a sua tendência natural é estagnação, declínio e morte. Não existe na Bíblia o ministério de “manutenção de igreja”, mas de “plantação de igrejas”. Tal improdutividade reflete a falta de visão e compromisso da liderança local.
A indisponibilidade para o sacrifício é outra ameaça à Igreja Presbiteriana do Brasil. Muitos líderes correm atrás somente dos seus interesses pessoais. Estão ocupados em garantir os seus direitos e privilégios. E onde há interesse não existe sacrifício. Bonhoeffer declarou: “A igreja é igreja somente quando ela existe para os outros”. Ronaldo Lidório testemunha: “Para ultrapassarmos as barreiras que temos perante nós, sejam urbanas ou tribais, linguísticas ou culturais, de caráter ou de preparo, precisamos levar em consideração a possibilidade do sacrifício. Não devemos procurá-lo ou orar por ele, como fariam os pietistas, nem mesmo ignorá-lo ou igualá-lo à ausência de proteção do Senhor, como defendem os triunfalistas. Mas devemos abraçá-lo se necessário for, para a glória de Deus”. Todas as grandes conquistas e avanços são precedidos pelo sacrifício. E na igreja não é diferente, a começar pelo exemplo de Jesus.
Precisamos de uma liderança e de um povo disposto a pagar o preço do sacrifício para o avanço da igreja. Precisamos examinar as motivações do nosso coração, ao trabalharmos na igreja. Devemos resistir àqueles que só querem se aproveitar da Igreja com os seus projetos pessoais. Na próxima reunião do Supremo Concílio da IPB em julho de 2010, precisamos ficar atentos com aqueles que só querem ocupar cargos na igreja, visando benefícios próprios (empregos, projeção pessoal etc).
Finalmente, a maior ameaça à Igreja Presbiteriana do Brasil é o risco de desperdiçar a oportunidade que Deus lhe concede. Paulo declara: “Ficarei, porém, em Éfeso até ao Pentecostes; porque uma porta grande e oportuna para o trabalho se me abriu; e há muitos adversários” (1Co 16.8-9). Deus cria oportunidades no tempo e no espaço para a sua igreja trabalhar. Creio que a Igreja Presbiteriana do Brasil tem diante de si uma grande e oportuna porta aberta para a realização de um expressivo trabalho missionário. Ela, humanamente falando, tem tudo para avançar. Não devemos perder esta oportunidade.
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