terça-feira, junho 22, 2010

REFLEXÃO: CONVOCAÇÃO PARA AJUDAR

O terremoto que atingiu e devastou uma parte do Haiti comoveu muitas pessoas que se mobilizaram para ajudar. Assim também aconteceu com as tragédias ocorridas no estado do Rio de Janeiro, no início deste ano, quando as chuvas provocaram muitas mortes. Muitas pessoas ajudaram. Tragédias tendem a provocar um sentimento de solidariedade.

Nosso Estado já sofreu muito com longos períodos de estiagem, as famosas secas do sertão nordestino. Até que, nestes últimos anos, o assunto não veio à baila, em função da diminuição dos períodos de estiagem. Lembro-me das campanhas em favor do nordeste brasileiro, para ajudar as vítimas das secas. Muitas pessoas se sensibilizavam e ajudavam, comovidas por aquelas situações.

No ano passado, o foco das atenções foi para a região sul do País. Principalmente, para o estado de Santa Catarina, quando as chuvas devastaram muitas partes daquela região. Houve mobilização para ajudar as vítimas. As pessoas gostam de colaborar nessas horas, pois se comovem com os dramas que passam nas emissoras de televisão.

Este ano, este mês, esta última semana a atenção está voltada para a região nordeste, mais especificamente para os estados de Pernambuco e Alagoas. As chuvas deixaram um saldo calamitoso. Entre as mais de quarenta (40) cidades atingidas em nosso Estado estão: Barra de Guabiraba, Cortês, Ribeirão e Palmares, que ficam bem perto de nós.

Pude visitar três delas e passar rapidamente por algumas outras, principalmente, as que são cortadas pelos rios Una e Serinhaém. As cidades visitadas foram: Barra de Guabiraba, Cortês e Palmares. Nelas verificamos situações comoventes. Casas destruídas, lojas destruídas, igrejas destruídas, famílias destruídas.

Entre estas igrejas que caíram, destacam-se as presbiterianas de Palmerina e Cortês. A de Palmares perdeu o prédio que ficava ao lado do templo, no qual funcionava uma escola, outras dependências para os trabalhos da Igreja e a casa pastoral no andar superior. Inclusive, há a possibilidade do templo ser condenado pelas autoridades locais.

Estas enchentes foram históricas. As águas alcançaram níveis nunca vistos antes. Lugares que em outras épocas não recebiam as águas, quando da ocorrência de alguma enchente, este ano foram atingidos. Pessoas que transportaram seus pertences para outros lugares, certos de que as águias não chegariam a estes locais, foram surpreendidas e tiveram prejuízos.

As imagens mostradas pelas emissoras de TV são chocantes, mas nada se compara a observação em loco. Pela TV não se consegue perceber algumas coisas, que só pessoalmente são possíveis. Uma delas é o odor fétido que se instala em algumas localidades.

Uma das marcas característica dessas calamidades é o lixo, que toma conta das ruas e, mesmo que os caminhões das prefeituras estejam trabalhando para limpá-las, não conseguem dar vencimento rápido. Tem muito trabalho pela frente.

Nas ruas, gente cansada, nervosa, suja, com semblante abatido. Gente como a gente, que vê toda uma vida de trabalho ser levada pelas águas em questão de horas. Há gente também cheia de esperança, que em meio à tragédia, consegue se programar para oferecer um culto em ação de graças a Deus porque o pior não aconteceu. Gente valente, de garra, de fé.

É essa gente que sofre que está precisando de ajuda. Entre as pessoas que formam esta gente que sofre, há muitos irmãos na fé que estão precisando de nossa solidariedade. Estão carecendo de cuidados especiais neste momento de reconstrução. São pessoas que, por ironia, foram vítimas das águas, e hoje lhes falta água para beber, para limpar, para expulsar restos das águas que provocaram a tragédia. São irmãos que contam conosco para apoiá-los neste momento difícil da vida. São pessoas com as quais precisamos não apenas nos emocionar, mas transformar esta emoção em sensibilização e partirmos para a ação efetiva de ajudá-las. Elas podem contar com você?

Que o Senhor Deus nos use como instrumentos de bênçãos para nossos irmãos nesta hora.

Pr. Flávio Marcus (*)

(*) O Rev. Flávio Marcus é pastor da Segunda Igreja Presbiteriana de Caruaru e é o atual Presidente do Sínodo do Agreste de Pernambuco.

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